ÁGUA INADEQUADA AFETA FUNCIONAMENTO DE EQUIPAMENTOS

A utilização de água imprópria em sistemas de refrigeração, a exemplo de chillers e torres de resfriamento, tem causado prejuízos enormes para empresas e indústrias, ao gerar paradas não programadas e quebras de equipamentos, em geral causadas por corrosões e incrustações. Este foi o mote da última mesa-redonda do 17º CONBRAVA, realizada na tarde do dia 25 de novembro.

Para falar sobre “Tratamento de Água”, a atividade reuniu o engenheiro Alberto Hernandes Neto, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli-USP; o químico André Leone, chefe de serviço dos laboratórios do Instituto Estadual do Ambiente (Inea-RJ); o engenheiro David Hunner Vieira do Lago, especializado em gerenciamento de projetos; e João Antônio Tiziani, diretor técnico da consultoria Chuff Associados e da Yield Control.

Mediada pelo engenheiro Charles Domingues, presidente do Departamento Nacional de Tratamento de Águas (DNTA) da ABRAVA, a mesa-redonda colocou em debate a adoção de programa de tratamento de águas e sua relação com a conservação, performance e sustentabilidade nos sistemas AVAC. 

“A gente sofre muito com tratamento de águas no Brasil”, disparou João Antônio Tiziani, ao iniciar o debate, lembrando que ao longo da sua carreira fez esforços para difundir este problema no país, sempre buscando apoio na ABRAVA e alertando os órgãos governamentais, incluindo a Anvisa, visto que a água também interfere na saúde das pessoas.

“Temos de olhar o problema do tratamento de água de maneira integrada, partindo da localização da mesma, já que a água é diferente em cada lugar do Brasil, cada qual com as suas peculiaridades. Antes de usá-la, um estudo detalhado deve ser realizado, levando em conta qual será a sua função, demanda e tipo de operação”, afirmou.

Segundo ele, a falta de tratamento da água afeta o desempenho dos resfriadores e dos trocadores de calor, podendo até parar as máquinas. Com isso, aumentam-se os custos operacionais, reduzindo a produtividade e a eficiência no ambiente de trabalho.

O químico André Leone concorda que a questão das incrustações tem sido um grande problema, defendendo inclusive uma uniformização de monitoramento pelos estados, a fim de se conhecer melhor a água utilizada.

“A presença de contaminantes é outra preocupação que nós temos, principalmente para uso em locais como um shopping center, onde consigo controlar ações, como o próprio reuso da água”, argumenta ele, ao lembrar que o estado do Rio de Janeiro tem sofrido, nos últimos dois verões com a contaminação da água por geosmina, substância produzida por alga, bactéria ou fundo, caracteriza por alterações na cor, cheiro e gosto.

Gerente corporativo de operações da brMalls, empresa com participação em 31 shoppings no Brasil, o engenheiro David Hunner Vieira do Lago entende que a multidisciplinaridade é um aspecto que os clientes cada vez mais exigem de um gestor de shoppings. 

Ao mesmo tempo, frisou, busca-se a confiabilidade em fornecedores de manutenção, afinal uma parada de um sistema de ar-condicionado em um shopping, que recebe milhares de pessoas por dia, seria uma grande dor de cabeça.

“O shopping funciona como um grande condomínio. Além dos equipamentos comuns, o gestor tem a responsabilidade de prover as condições mínimas para os lojistas, a infraestrutura necessária, e isso passa pela contratação de um fornecedor para o tratamento de água”, ressaltou.

“Eu tenho lutado há muito tempo para mostrar a importância de se assumir um shopping e fazer uma operação de manutenção, conhecendo, por exemplo, os ativos disponíveis. Se o meu equipamento trabalhar mal, ele vai demandar muito mais água. Saber contratar é evoluir para um trabalho consciente, economizando com qualidade”, complementou João Antônio Tiziani.

O engenheiro Alberto Hernandes Neto aproveitou para criticar negativamente a falta de empenho de determinados profissionais, que nem mesmo fazem o básico descrito em um projeto de manutenção. Para ele, essas atitudes geram “problemas dessa magnitude e podem levar ao aparecimento de incrustações”, reforçou, concluindo que o AVAC-R nacional tem muitos desafios pela frente.